Vinho Branco e Champanhe Podem Ajudar o Coração? Ciência Aponta Possível Efeito Protetor
Estudo com mais de meio milhão de pessoas sugere que o consumo moderado dessas bebidas está associado a menor risco de parada cardíaca súbita, ao lado de bons hábitos alimentares e emocionais.
Por muito tempo, o vinho tinto foi o protagonista das conversas sobre saúde cardiovascular, sempre citado como fonte rica em resveratrol — um antioxidante poderoso. No entanto, um estudo recente publicado no Canadian Journal of Cardiology trouxe novos personagens para essa história: o vinho branco e o champanhe. De acordo com a pesquisa, o consumo moderado dessas bebidas pode estar associado à redução do risco de parada cardíaca súbita (PCS), um dos eventos mais letais e imprevisíveis relacionados ao coração.
A descoberta amplia a discussão sobre os efeitos do álcool na saúde e levanta novas hipóteses sobre compostos bioativos ainda pouco explorados nas bebidas brancas e espumantes.
Estudo amplo e rigoroso: mais de 500 mil pessoas analisadas
A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Fudan, na China, utilizando o UK Biobank, um dos maiores bancos de dados médicos do mundo, com registros de mais de 500 mil pessoas. Os pesquisadores analisaram múltiplas variáveis ligadas ao estilo de vida, histórico clínico e indicadores biológicos, com o objetivo de mapear fatores modificáveis de risco para parada cardíaca súbita.
Utilizando técnicas estatísticas avançadas, eles conseguiram isolar 56 fatores de risco potenciais, entre eles hábitos alimentares, níveis de atividade física, pressão arterial, saúde mental e o consumo de bebidas alcoólicas específicas.
E foi aí que o vinho branco e o champanhe chamaram a atenção dos pesquisadores.
Os compostos do vinho branco: uma nova esperança antioxidante
Embora o vinho tinto continue sendo valorizado por conter resveratrol, o estudo destacou outros compostos antioxidantes presentes no vinho branco e no champanhe, como o ácido protocatecuico. Essa substância, derivada da decomposição de flavonoides, tem demonstrado ação anti-inflamatória, neuroprotetora e cardioprotetora em estudos laboratoriais.
O champanhe, em especial, por ser elaborado com uvas brancas (Chardonnay) e algumas tintas (como Pinot Noir), também concentra uma diversidade de polifenóis que, em quantidades moderadas, podem atuar na proteção do endotélio vascular e na redução da inflamação sistêmica — dois elementos-chave na prevenção de eventos cardíacos súbitos.
Mais que bebida: Estilo de vida também pesa na balança
Importante destacar que o consumo de vinho branco e champanhe não foi o único fator associado a menor risco de PCS. O estudo também apontou como elementos protetores:
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Ingestão regular de frutas frescas
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Índice de massa corporal dentro da faixa saudável
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Boa qualidade do sono e níveis de estresse controlados
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Pressão arterial bem controlada
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Atitude mental positiva e baixa incidência de depressão
Ou seja, não se trata de uma “cura engarrafada”, mas de um conjunto de práticas saudáveis que, em conjunto, parecem ter um efeito sinérgico na proteção cardiovascular.
Limites do estudo e o velho alerta: moderação é tudo
Apesar de entusiasmante, o estudo não estabelece uma relação de causa e efeito definitiva, como alertaram os próprios autores. Os dados indicam uma correlação estatística, o que significa que o consumo moderado dessas bebidas está associado a menor risco, mas não necessariamente é a causa direta da redução desse risco.
Além disso, os especialistas reforçam que o consumo excessivo de álcool é um conhecido fator de risco para uma série de doenças, incluindo hipertensão, arritmias, doenças hepáticas e até certos tipos de câncer. A recomendação continua sendo clara: se for beber, que seja com moderação e, preferencialmente, acompanhado de uma dieta equilibrada e hábitos saudáveis.
Conclusão
O estudo da Universidade Fudan abre uma nova janela de possibilidades sobre os efeitos de bebidas menos celebradas na saúde cardiovascular. Ao lado de frutas, exercícios e uma boa noite de sono, o brinde com vinho branco ou champanhe em doses comedidas pode, sim, fazer parte de uma vida mais saudável e longeva. Mas a chave, como sempre, está no equilíbrio. Afinal, cuidar do coração é mais do que escolher a bebida certa: é escolher viver bem, por inteiro.