Galinha muda de sexo e se transforma em galo no Rio Grande do Sul: o fenômeno raro que surpreendeu especialistas e moradores
Uma transformação inesperada que revela os mistérios da biologia das aves
Em uma pequena comunidade do interior do Rio Grande do Sul, moradores foram surpreendidos por um caso tão raro quanto fascinante: uma galinha que, após anos vivendo normalmente no galinheiro, começou a cantar como um galo, desenvolver uma crista maior e adotar comportamentos tipicamente masculinos. O episódio, que rapidamente chamou atenção local e da mídia regional, intrigou também veterinários e especialistas em zoologia.
O ocorrido, apesar de incomum, não é fruto de lenda, mutação misteriosa ou experimento científico. Trata-se de um fenômeno biológico chamado reversão sexual espontânea — algo registrado raramente em aves domésticas, mas possível devido ao funcionamento particular do sistema reprodutor das galinhas.
Neste artigo, você entenderá o que é a reversão sexual, como funciona o corpo das aves, por que isso pode acontecer, e conhecerá também outros casos curiosos, além de comparações e explicações aprofundadas que ajudam a compreender como a natureza opera de forma surpreendente.

O que aconteceu no Rio Grande do Sul?
Moradores perceberam que uma de suas galinhas, antes silenciosa e comum, começou a apresentar mudanças visíveis:
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passou a cantar como um galo ao amanhecer;
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desenvolveu uma crista maior e mais vistosa;
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mudou de comportamento, tornando-se mais territorial;
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apresentou alterações corporais, como penas mais firmes e postura ereta.
Preocupados, os donos levaram o animal para avaliação veterinária. Após exames e observações, a explicação veio: a galinha havia passado por reversão sexual espontânea, um evento raro, mas documentado pela ciência.
Entendendo a reversão sexual em galinhas

Como funciona o sistema reprodutor das aves?
Apesar de terem dois ovários, apenas o ovário esquerdo funciona plenamente nas galinhas. O ovário direito, ao longo do desenvolvimento do animal, é reduzido e fica inativo — um processo natural da espécie.
Porém, esse ovário direito não desaparece completamente. Ele mantém células e tecidos que, sob certas circunstâncias, podem se comportar como tessitículos rudimentares.
Quando o corpo começa a mudar
Se o ovário funcional esquerdo para de trabalhar, seja por doença, trauma ou envelhecimento, o organismo da galinha pode ativar o ovário direito. Quando isso acontece:
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ele passa a produzir hormônios masculinos, como testosterona;
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ocorre uma reorganização hormonal que estimula características masculinas;
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penas, comportamento e até o canto podem mudar.
Esse processo, chamado reversão sexual, não transforma a galinha em um galo fértil, mas gera aparência e comportamento tipicamente masculinos.
O que causa a reversão sexual?
Entre os fatores mais comuns estão:
✔ Doenças ovarianas
Infecções, tumores ou inflamações podem fazer o ovário esquerdo deixar de funcionar.
✔ Problemas hormonais
Desequilíbrios hormonais naturais podem desregular o sistema reprodutivo.
✔ Idade avançada
Galinhas mais velhas podem ter queda na função ovariana, permitindo que o ovário direito seja reativado.
✔ Traumas físicos
Um impacto forte na região abdominal pode danificar o ovário funcional.
Em todos os casos, o fenômeno é raro. Estima-se que menos de 1% das galinhas possa apresentar reversão sexual ao longo da vida.
A galinha vira galo de verdade?
Não completamente. Essa é uma dúvida comum.
A resposta é não.
Embora a aparência e o comportamento se tornem masculinos, a galinha:
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não produz espermatozoides;
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não fertiliza outras aves;
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não se transforma geneticamente em macho.
O que ocorre é apenas uma mudança fenotípica — ou seja, na aparência e no comportamento — causada por alterações hormonais.
Do ponto de vista genético, ela segue sendo fêmea (ZW).
O caso gaúcho: um exemplo de como a biologia surpreende
Os moradores afirmam que “a galinha virou galo”, e apesar da simplificação popular, a história ilustra perfeitamente como a natureza possui mecanismos capazes de compensar falhas ou irregularidades internas.
Veterinários garantiram que:
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o animal não corre risco;
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não sente dor;
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pode continuar vivendo normalmente;
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não representa ameaça ao galinheiro.
A única diferença é que, agora, age como um galo.
Casos semelhantes registrados no Brasil e no mundo
A reversão sexual já foi observada em outros episódios:
📌 Na Inglaterra (2011)
Uma galinha chamada Gertie, após perder a companheira de galinheiro, começou a cantar e virou notícia nacional ao desenvolver crista e comportamento de galo.
📌 Na Itália (2020)
Pesquisadores documentaram uma galinha que, após removerem um tumor ovariano, passou a demonstrar características masculinas intensas.
📌 No interior de São Paulo (2018)
Uma família relatou que sua galinha, chamada “Bebel”, começou a cantar após anos postura de ovos. Veterinários confirmaram reversão sexual.
Esses casos reforçam o quanto o fenômeno é incomum, mas possível.
Por que esse fenômeno chama tanta atenção?
Porque mexe com a percepção tradicional do público sobre o que é fixo na biologia.
Galinhas e galos são vistos como categorias rígidas, mas a natureza possui mecanismos muito mais complexos que as divisões humanas.
O fenômeno desperta:
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curiosidade científica;
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interesse em estudos evolutivos;
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debates sobre hormônios e comportamento animal.
Para quem vive no campo, descobrir que a galinha do quintal começou a cantar como galo é, no mínimo, uma história para ser contada por muitos anos.
Aspectos comportamentais da transformação
Quando a produção de testosterona aumenta, a galinha pode adotar comportamentos como:
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defender território;
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ciscar de forma mais intensa;
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emitir sons típicos de galo;
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subir em poleiros mais altos;
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postura corporal mais ereta.
É uma transformação tanto física quanto comportamental.
A reversão sexual coloca o animal em risco?
Não.
A condição não representa perigo — exceto se houver uma doença ovariana por trás. Mas em muitos casos, como o do Rio Grande do Sul, o processo ocorre naturalmente e sem danos à saúde.
Veterinários apenas recomendam:
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observação regular;
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alimentação adequada;
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evitar cruzamentos forçados;
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acompanhamento caso surjam sinais de dor ou perda de peso.
Como a ciência explica isso?
A resposta está na plasticidade do sistema reprodutor das aves.
Enquanto mamíferos possuem sistema rígido, as aves têm maior flexibilidade. A natureza encontrou uma forma de economizar energia, ativando apenas um ovário. O outro permanece “dormente”, mas pode ser reativado em raríssimos casos.
Cientistas consideram a reversão sexual uma janela para estudar:
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genética das aves;
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produção hormonal;
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comportamento animal;
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evolução das espécies.
O fenômeno também inspira pesquisas sobre desenvolvimento embrionário e diferenciação sexual, áreas fundamentais da biologia.
Expansão: curiosidades, comparações e temas relacionados
1. A reversão sexual acontece em outras espécies?
Sim. Répteis, peixes e até anfíbios têm registros mais frequentes.
Em peixes-palhaço, por exemplo, a troca de sexo é parte natural da vida do animal.
2. Galinhas podem mudar de sexo novamente?
Não há registros consistentes de reversão dupla.
Uma vez que a galinha desenvolve características masculinas, geralmente permanece assim.
3. A ave pode voltar a botar ovos?
Depois da reversão, isso é extremamente improvável.
4. Isso muda a hierarquia do galinheiro?
Sim. A ave “transformada” pode assumir o papel social de um galo.
5. A mudança é rápida?
Não. Pode levar semanas ou meses para que sinais se tornem evidentes.
Conclusão
O caso da galinha do Rio Grande do Sul que desenvolveu características de galo mostra como a natureza é capaz de surpreender até os especialistas mais experientes. A reversão sexual é um fenômeno raro, mas perfeitamente explicável pela biologia das aves, que carrega nuances e possibilidades que muitas pessoas desconhecem.
Esse evento, além de curioso, contribui para ampliar o conhecimento científico e reforça a importância de observarmos o comportamento animal com atenção e respeito. A ave seguirá sua vida normalmente — agora com postura, canto e estilo de um verdadeiro galo.
A natureza sempre encontra uma forma de nos surpreender.






