Onicofagia: O hábito de roer unhas e suas consequências para a saúde física e mental
Um comportamento comum que pode revelar muito mais do que nervosismo
Roer as unhas pode parecer um simples costume, muitas vezes até banalizado como uma mania inofensiva. No entanto, a ciência já demonstrou que esse hábito, chamado de onicofagia, pode ter impactos sérios tanto na saúde física quanto no bem-estar psicológico.
Presente em crianças, adolescentes e adultos, esse comportamento compulsivo pode estar associado a transtornos como ansiedade, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), depressão e até transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Além de comprometer a estética das mãos e causar constrangimento social, a prática frequente pode provocar lesões, infecções e problemas dentários. Do ponto de vista psicológico, a onicofagia também pode funcionar como uma válvula de escape para emoções reprimidas, mas, paradoxalmente, reforça o ciclo de estresse e culpa.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes o fenômeno de roer unhas, desde suas causas psicológicas até as consequências clínicas, passando por estratégias terapêuticas, curiosidades históricas, culturais e até relatos de casos reais que mostram como esse hábito vai muito além do que aparenta.
O que é onicofagia?
A palavra onicofagia vem do grego: onyx (unha) e phagein (comer). Ou seja, significa literalmente “comer unhas”. Trata-se de um comportamento repetitivo e compulsivo, que consiste em roer unhas, cutículas e até mesmo a pele ao redor dos dedos.
Segundo especialistas, a onicofagia pode ser:
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Episódica: quando acontece em momentos de estresse ou tédio.
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Compulsiva: quando se torna uma resposta automática e constante, muitas vezes inconsciente.
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Patológica: quando está associada a outros transtornos mentais, como TOC ou ansiedade generalizada.
Estudos mostram que até 30% da população mundial já praticou esse hábito em algum momento da vida.
2. Por que as pessoas roem unhas?
O ato de roer unhas tem múltiplas origens. A psicologia aponta diferentes fatores:
2.1 Ansiedade e estresse
Roer unhas pode funcionar como uma forma de autorregulação emocional. Ao lidar com situações tensas, a pessoa busca no hábito um alívio imediato.
2.2 Tédio e hábito automático
Muitos relatam que roem as unhas sem perceber, principalmente quando estão distraídos — assistindo TV, estudando ou esperando algo.
2.3 Questões emocionais mais profundas
Em casos de TDAH, depressão e TOC, o hábito surge como uma forma de canalizar impulsos, ocupando as mãos e a boca em momentos de inquietação.
2.4 Fatores familiares e sociais
Crianças que convivem com pais ou irmãos que roem unhas têm maior probabilidade de repetir o comportamento.
3. Onicofagia na infância e adolescência
3.1 Quando começa
A maioria dos casos surge entre 7 e 10 anos. Nessa fase, a criança descobre o hábito em resposta a emoções ou por imitação.
3.2 Adolescência: agravamento ou superação
Durante a adolescência, a pressão social e escolar pode agravar a prática. Por outro lado, a busca por estética e vaidade também pode ser um fator para abandonar o hábito.
3.3 Impacto no desenvolvimento
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Dificuldades de socialização (vergonha das mãos).
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Alterações no sorriso (dentes desgastados).
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Prejuízo à autoestima.
4. Consequências físicas da onicofagia
Embora pareça inofensivo, o hábito pode trazer sérios riscos:
4.1 Problemas nas unhas e cutículas
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Unhas deformadas e quebradiças.
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Inflamações (paroníquia).
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Sangramentos frequentes.
4.2 Infecções e bactérias
As mãos entram em contato constante com superfícies contaminadas. Ao roer unhas, bactérias e vírus podem ser levados à boca. Estudos mostram aumento de casos de:
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Gripe e resfriados.
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Infecções intestinais.
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HPV em casos graves.
4.3 Danos dentários
Roer unhas pode provocar:
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Desgaste no esmalte dos dentes.
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Desalinhamento dentário.
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Lesões na gengiva.
5. Consequências psicológicas e sociais
5.1 Vergonha e constrangimento
Muitos relatam evitar mostrar as mãos em público, escondendo-as em fotos ou no dia a dia.
5.2 Ciclo de culpa
A pessoa rói as unhas para aliviar a ansiedade, mas depois sente culpa e frustração, o que gera mais ansiedade — reforçando o ciclo.
5.3 Estigma social
Unhas roídas são muitas vezes associadas a descuido ou falta de higiene, o que pode impactar relacionamentos e vida profissional.
6. Onicofagia e sua relação com transtornos mentais
Pesquisas apontam ligação entre roer unhas e:
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Ansiedade generalizada: a prática serve como alívio rápido.
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TOC: onicofagia pode ser um comportamento repetitivo e ritualístico.
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TDAH: hábito associado à impulsividade e dificuldade de concentração.
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Depressão: pode ser um reflexo de desmotivação ou mecanismo de autolesão leve.
7. Tratamentos e estratégias para parar de roer unhas
7.1 Barreiras físicas
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Esmaltes com gosto amargo.
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Luvas ou curativos.
7.2 Terapia comportamental
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Terapia cognitivo-comportamental (TCC): ensina o paciente a identificar gatilhos e substituir o hábito por respostas mais saudáveis.
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Técnica de reversão de hábito: substituir roer unhas por apertar uma bolinha de borracha, por exemplo.
7.3 Apoio médico
Em casos mais graves, pode ser necessário uso de medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos.
7.4 Cuidado estético
Manicure frequente, uso de unhas postiças e hidratação das cutículas podem ajudar a reduzir o impulso.
8. Curiosidades culturais e históricas
8.1 Roer unhas na história
Embora pouco documentado, filósofos e escritores já mencionaram o hábito em contextos ligados ao nervosismo.
8.2 Diferenças culturais
Em alguns países, roer unhas é considerado apenas um hábito infantil; em outros, é visto como sinal de fraqueza emocional.
8.3 Na cultura pop
Filmes e séries frequentemente retratam personagens nervosos roendo unhas para reforçar o estereótipo de ansiedade.
9. Relatos de quem conseguiu superar
Diversas pessoas relatam que:
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A prática de esportes ajudou a canalizar energia.
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A terapia foi fundamental para compreender gatilhos emocionais.
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O apoio da família foi decisivo.
10. Conclusão
A onicofagia é muito mais do que uma simples mania. Trata-se de um comportamento compulsivo que pode indicar questões emocionais mais profundas e trazer sérios prejuízos físicos e sociais. Reconhecer a onicofagia como um problema de saúde e não apenas estética é o primeiro passo para buscar ajuda.
Com acompanhamento adequado, é possível substituir esse hábito por estratégias saudáveis, fortalecendo não apenas as unhas, mas também a autoestima e a qualidade de vida.