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A dor que ninguém entende: Mineira de 28 anos com neuralgia do trigêmeo entra em coma induzido em busca de alívio

Carolina Arruda, moradora de Bambuí (MG), será internada em agosto para um tratamento extremo contra a neuralgia do trigêmeo, condição considerada uma das mais dolorosas do mundo

A dor, muitas vezes, é invisível. Mas, para Carolina Arruda, de 28 anos, moradora de Bambuí, no interior de Minas Gerais, ela é constante, brutal e debilitante. Diagnosticada com neuralgia do trigêmeo, uma das síndromes neurológicas mais dolorosas conhecidas pela medicina, a jovem mineira vive uma rotina marcada por gritos, lágrimas e noites insones. Após anos sem sucesso com tratamentos convencionais, ela agora irá se submeter a uma alternativa radical: será induzida a um coma profundo, na esperança de conseguir algum alívio.

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A neuralgia do trigêmeo atinge o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face, e provoca dores lancinantes, súbitas e frequentes. A intensidade pode ser tão alta que muitos pacientes a descrevem como uma “tortura elétrica”. Atividades simples  como escovar os dentes, falar, se alimentar, ou até sentir uma brisa no rosto  podem desencadear crises violentas.

Segundo especialistas, a condição é considerada por muitos médicos como “a pior dor que um ser humano pode sentir”. Carolina Arruda conhece essa realidade de perto. “É uma dor que não dá trégua. Já pensei em morrer, porque achei que essa era a única saída para o sofrimento que vivo todos os dias”, declarou em um desabafo emocionado em suas redes sociais.

Além do impacto físico, a doença tem consequências emocionais devastadoras. Carolina já chegou a considerar a eutanásia, uma decisão extrema tomada por quem vive em sofrimento constante e sem perspectiva de melhora. “A dor não me deixa viver, apenas sobrevivo”, relatou em uma das postagens que viralizaram na internet, comovendo milhares de internautas que passaram a acompanhar sua história.

O tratamento extremo: coma induzido

A esperança agora reside em uma alternativa ousada. No dia 13 de agosto, Carolina será internada na Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas Gerais, onde passará por um coma induzido. Ela será levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), entubada e mantida sob ventilação mecânica por um período que pode chegar a cinco dias.

O objetivo é permitir que seu sistema nervoso central “reinicie”, aliviando a hipersensibilidade do nervo trigêmeo. Essa estratégia, apesar de rara e arriscada, já foi utilizada em outros pacientes com síndromes neurológicas refratárias, ou seja, resistentes a tratamentos convencionais.

Durante o coma, os médicos monitorarão constantemente os sinais vitais de Carolina e administrarão medicamentos para manter suas funções corporais estáveis. Após o despertar, os profissionais irão avaliar se houve alguma mudança na percepção da dor. Embora não haja garantias de sucesso, a equipe médica acredita que há uma chance real de melhora na qualidade de vida da jovem.

A realidade invisível de quem sente dor crônica

Casos como o de Carolina expõem uma questão muitas vezes ignorada: a invisibilidade das dores crônicas. Pacientes com doenças como a neuralgia do trigêmeo frequentemente enfrentam descrença, preconceito e abandono. O sofrimento, por ser invisível aos olhos alheios, costuma ser subestimado.

“Ouvi muitas vezes que era exagero, que era frescura, que eu estava inventando. Isso dói tanto quanto a própria dor física”, desabafa Carolina. A jovem tem usado as redes sociais como forma de denunciar essa realidade e acolher outras pessoas que passam por experiências semelhantes.

A visibilidade do seu caso reacendeu debates sobre o acesso à saúde neurológica no Brasil, os limites da medicina diante da dor e a importância do acompanhamento psicológico a pacientes com doenças degenerativas e incapacitantes.

Fé, esperança e resistência

Apesar de tudo, Carolina se agarra à esperança. Com o apoio da família, de amigos e de milhares de pessoas nas redes, ela enfrenta cada dia como um desafio a ser vencido. “Se eu sair disso com 20% a menos de dor, já vai ser um milagre. Não quero viver como antes, só quero viver um pouco melhor”, afirmou.

Sua história é um lembrete poderoso da força humana diante do sofrimento e da importância de empatia e acolhimento. Para Carolina, o procedimento em agosto representa não apenas uma tentativa médica, mas um ato de fé e resistência.

Enquanto o Brasil acompanha seu caso com comoção, muitos torcem para que, ao despertar do coma, ela possa finalmente começar a reconstruir sua vida livre das correntes invisíveis da dor.

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