A maternidade não é mais o centro da vida feminina

Por séculos, a ideia da maternidade esteve intrinsecamente ligada à identidade feminina. Mulheres eram educadas para “serem mães”, muitas vezes desde a infância, com brinquedos, roupas e discursos que reforçavam esse papel social. No entanto, o século XXI trouxe transformações profundas, com a ascensão da independência feminina, acesso ao mercado de trabalho, educação superior e o fortalecimento de movimentos feministas.
Atualmente, cada vez mais mulheres têm coragem de dizer que não querem ser mães ou que, pelo menos, não têm esse desejo como prioridade. O que antes era tabu, hoje se torna pauta de conversas, entrevistas, artigos e debates públicos.
Maisa, ao dizer isso abertamente, se junta a outras figuras públicas como Anitta, Bruna Linzmeyer, Jennifer Aniston e Oprah Winfrey que já expressaram publicamente a ausência de um desejo maternal e foram alvo tanto de apoio quanto de críticas.
Os números confirmam essa mudança
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a taxa de fecundidade no Brasil vem caindo de forma contínua. Em 2000, a média era de 2,4 filhos por mulher. Em 2023, esse número caiu para cerca de 1,6 — bem abaixo da taxa de reposição populacional. Nos grandes centros urbanos, esse número é ainda menor.
Essa mudança é reflexo de uma nova visão sobre o que significa “ter sucesso” ou “ser feliz”. Para muitas mulheres, a realização pessoal, a estabilidade financeira, as viagens, a liberdade e os projetos de vida estão à frente da maternidade.
Além disso, questões como as dificuldades econômicas, a falta de suporte social, o medo de abrir mão da carreira e o peso mental da maternidade também são levadas em conta na decisão de adiar ou mesmo desistir de ter filhos.
Ser mulher sem ser mãe: Uma escolha legítima
A ideia de que toda mulher nasce com o “instinto materno” e que esse é o ápice da existência feminina é um mito cultural que vem sendo desmantelado com o tempo. Embora a maternidade possa ser uma experiência transformadora e significativa para muitas, ela não é uma obrigação nem uma necessidade universal.
Reconhecer e aceitar que há mulheres que simplesmente não desejam ter filhos é um passo importante para a construção de uma sociedade mais plural, livre e empática. Maisa, com sua sinceridade, ajuda a normalizar essa narrativa, mostrando que cada mulher pode e deve escrever a sua própria história, sem medo de julgamentos.
E se a maternidade vier?

Mesmo sem idealizar a maternidade, Maisa não a exclui totalmente da sua trajetória. Sua fala sugere uma abertura ao acaso, à transformação e à maturação do tempo: “Acho que vai acontecer, mas não é o que eu quero agora”.
Esse posicionamento também é válido e frequente entre jovens mulheres: a maternidade pode não ser um objetivo atual, mas talvez faça sentido no futuro. O importante é que essa escolha seja qual for seja consciente, livre de pressões sociais e baseada em autoconhecimento.
Um novo paradigma para as novas gerações
Em um mundo em constante transformação, os sonhos femininos também mudam. Se antes o destino natural de uma mulher era se casar e ter filhos, hoje, há múltiplos caminhos possíveis e todos são válidos.
A fala de Maisa abre espaço para que mais mulheres possam dizer, sem culpa ou receio: “eu não sonho com a maternidade, e está tudo bem”. Porque a verdadeira liberdade está em ter o direito de escolher e ser respeitada por isso.