Eritritol: O adoçante natural sob análise – riscos para os vasos cerebrais e prevenção do AVC
Um estudo inovador aponta possíveis efeitos do eritritol sobre a saúde vascular cerebral e oferece orientações para uma vida mais segura
O adoçante eritritol vem ganhando espaço no mercado alimentar como uma opção “zero açúcar” para quem busca reduzir calorias e controlar a glicemia. Presente em centenas de produtos industrializados, sua popularidade aumenta junto com a preocupação mundial com obesidade, diabetes e saúde cardiovascular.
Contudo, uma recente investigação científica da Universidade do Colorado trouxe uma nova luz sobre o eritritol, demonstrando efeitos adversos sobre as células endoteliais cerebrais — um alerta importante para consumidores e profissionais da saúde.
Este artigo explora detalhadamente a pesquisa, os mecanismos envolvidos, riscos associados e formas de proteger a saúde vascular cerebral.
O que é o eritritol? Origem, uso e metabolismo
O eritritol é um poliol, ou álcool de açúcar, naturalmente encontrado em pequenas quantidades em frutas como melão, uva e pera. Produzido industrialmente por fermentação de glicose, é utilizado como adoçante em alimentos e bebidas “light” e “zero açúcar”.
Características principais:
Característica | Descrição |
---|---|
Doçura | Cerca de 70% do açúcar comum |
Calorias | Quase zero (0,2 kcal/g) |
Índice glicêmico | Baixo, não eleva a glicose sanguínea |
Metabolismo | Absorvido no intestino e excretado na urina intacto |
Segurança | Geralmente reconhecido como seguro pela FDA e EFSA |
Apesar da aprovação regulatória, seu impacto em longo prazo e em populações específicas ainda está sendo investigado.
O endotélio cerebral: fisiologia e papel na saúde vascular
O endotélio cerebral é vital para o funcionamento adequado do cérebro. Essa camada celular controla o tônus vascular, a permeabilidade da barreira hematoencefálica e a coagulação.
Funções essenciais do endotélio cerebral:
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Produção de óxido nítrico (NO), vasodilatador que mantém o fluxo sanguíneo.
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Síntese de endotelina-1 (ET-1), potente vasoconstritor.
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Regulação da fibrinólise via ativador tecidual do plasminogênio (t-PA), prevenindo tromboses.
A disfunção endotelial é um precursor reconhecido de doenças vasculares e neurológicas.
Resultados do estudo da Universidade do Colorado
O estudo expôs células endoteliais a eritritol em concentração equivalente à sanguínea pós consumo de alimentos industrializados. Após 24h, notou-se:
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Aumento de estresse oxidativo em 35%.
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Elevação da produção de endotelina-1 em 40%.
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Redução da síntese de óxido nítrico em 30%.
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Diminuição da liberação de t-PA em 25%.
Tabela 1. Impacto do eritritol na função endotelial cerebral (valores percentuais médios).
Parâmetro | Controle | Eritritol | Diferença (%) |
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Estresse oxidativo | 100 | 135 | +35% |
Endotelina-1 | 100 | 140 | +40% |
Óxido nítrico | 100 | 70 | -30% |
Ativador tecidual do plasminogênio (t-PA) | 100 | 75 | -25% |
Essas alterações apontam para uma disfunção vascular precoce que pode comprometer o fluxo sanguíneo cerebral e facilitar a formação de coágulos.
Mecanismos biológicos envolvidos na disfunção endotelial causada pelo eritritol
Estresse oxidativo
O excesso de radicais livres promove danos às membranas celulares e altera funções enzimáticas.
Desequilíbrio entre vasoconstrição e vasodilatação
O aumento da endotelina-1 e a queda do óxido nítrico promovem constrição dos vasos, prejudicando a circulação.
Redução da fibrinólise
Menor liberação de t-PA dificulta a dissolução de coágulos, aumentando risco de obstruções.
Esses processos combinados facilitam a formação de placas e trombos, aumentando o risco de AVC isquêmico.
Evidências epidemiológicas e riscos cardiovasculares associados
Estudos em humanos associam níveis elevados de eritritol no sangue a:
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Maior incidência de AVC.
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Aumento de eventos coronarianos (infarto do miocárdio).
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Maior coagulação e risco trombótico em diabéticos.
Pessoas com doenças crônicas cardiovasculares devem ter cuidado especial.
Alternativas naturais ao eritritol: benefícios e cuidados
Adoçante | Vantagens | Cuidados |
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Stevia | Natural, sem calorias | Pode ter sabor residual |
Mel natural | Nutrientes, antioxidantes | Alto índice glicêmico |
Xarope de bordo | Natural, sabor agradável | Rico em açúcares simples |
Frutas frescas | Fibras, vitaminas | Açúcar natural |
Moderação e orientação médica são essenciais para evitar efeitos adversos.
A indústria alimentícia e o crescimento dos produtos “zero açúcar”
O mercado global de adoçantes cresce a taxas superiores a 5% ao ano, impulsionado pela demanda por produtos dietéticos.
Essa expansão leva a uma proliferação de ingredientes, muitos ainda pouco estudados a longo prazo.
O consumidor deve estar atento aos rótulos e evitar o consumo excessivo de adoçantes.
Impacto do consumo excessivo de adoçantes no organismo
Além dos riscos vasculares, adoçantes podem afetar:
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Microbiota intestinal
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Metabolismo energético
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Percepção do sabor doce, aumentando desejo por alimentos açucarados
Pesquisas continuam para entender esses efeitos.
Estratégias para proteção vascular e prevenção do AVC
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Monitorar pressão arterial e glicose regularmente.
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Alimentação rica em fibras, frutas, legumes e gorduras saudáveis.
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Exercício físico regular.
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Evitar tabaco e álcool em excesso.
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Dormir adequadamente.
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Moderação no consumo de produtos industrializados e adoçantes.
Conclusão
O eritritol, apesar de popular e aprovado, pode causar efeitos prejudiciais ao endotélio cerebral, aumentando o risco de AVC. Consumidores, especialmente os com fatores de risco, devem optar por uma alimentação equilibrada, limitar o consumo de adoçantes e manter hábitos saudáveis.
Mais estudos clínicos e de longo prazo são necessários para confirmar esses achados e orientar políticas de saúde.