“Condomínios Viver Mais: o modelo paranaense que está revolucionando a moradia da terceira idade no Brasil”
Com aluguel social acessível e estrutura completa de lazer, saúde e convivência, os condomínios Viver Mais, do programa Casa Fácil, se consolidam como exemplo nacional de inclusão, dignidade e qualidade de vida para idosos.
O envelhecimento da população brasileira é uma realidade incontestável. Com o avanço da medicina, a melhoria da alimentação e o aumento da expectativa de vida, o número de pessoas com mais de 60 anos cresce a cada ano — e com ele, os desafios de garantir uma velhice digna, ativa e independente. Nesse cenário, o estado do Paraná vem se destacando nacionalmente com uma iniciativa inovadora: os condomínios Viver Mais, criados dentro do programa Casa Fácil, voltados exclusivamente para a terceira idade.
Com aluguel social fixado em apenas 15% do salário mínimo (atualmente R$ 227,70), o projeto oferece moradias planejadas, acessíveis e integradas a uma ampla rede de serviços e espaços comunitários. A proposta vai muito além de oferecer um teto — trata-se de uma nova forma de pensar o envelhecimento, baseada na convivência, no cuidado e na valorização da pessoa idosa.
Os condomínios são projetados para promover o bem-estar e a autonomia dos moradores, garantindo acessibilidade, segurança e oportunidades de socialização. Além disso, cada empreendimento conta com ambulatório, academia ao ar livre, horta comunitária, salão de festas, sala de jogos e praça de convivência — um verdadeiro ecossistema de vida saudável.
Este artigo detalha o conceito e o impacto do programa Viver Mais, analisa sua importância no contexto do envelhecimento populacional, discute os resultados já alcançados e explora como essa experiência pode inspirar políticas públicas de habitação e inclusão social em todo o país.
1. O desafio do envelhecimento no Brasil
O Brasil está envelhecendo rapidamente. Segundo dados do IBGE, em 2023 o país já contava com mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando cerca de 15% da população total. A previsão é que, até 2040, esse número ultrapasse 57 milhões, tornando o Brasil um dos países com maior número absoluto de idosos do mundo.
Esse fenômeno demográfico traz à tona uma série de desafios:
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moradia adequada,
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acesso à saúde,
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mobilidade urbana,
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segurança,
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e convivência social.
Muitos idosos vivem sozinhos, enfrentando solidão e vulnerabilidade social. Outros dependem de familiares ou vivem em habitações precárias, sem as adaptações necessárias para sua idade. Nesse contexto, políticas habitacionais voltadas especificamente para a terceira idade tornam-se fundamentais para garantir autonomia e dignidade.
O Paraná, ao reconhecer essa realidade, decidiu criar um modelo inovador de moradia que alia custo acessível, conforto, integração social e suporte à saúde — o Viver Mais.
2. A origem do programa Viver Mais
O Viver Mais é uma iniciativa vinculada ao programa estadual Casa Fácil Paraná, coordenado pela Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), com apoio da Secretaria de Estado das Cidades.
A proposta surgiu da necessidade de oferecer alternativas de moradia a idosos de baixa renda, mas com uma abordagem que fosse além da simples construção de casas populares. A ideia central era criar ambientes de convivência, cuidado e pertencimento — verdadeiras comunidades onde a terceira idade pudesse florescer.
O projeto nasceu inspirado em modelos internacionais de moradias assistidas, como os “senior villages” europeus e norte-americanos, mas adaptado à realidade brasileira. O diferencial do Viver Mais está na sua integração comunitária, onde cada detalhe arquitetônico e social foi pensado para promover autonomia, acolhimento e interação.
3. Como funcionam os condomínios Viver Mais
Os condomínios Viver Mais seguem um modelo padrão, cuidadosamente planejado. Cada unidade residencial é composta por:
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Casa térrea individual, com sala, quarto, cozinha e banheiro adaptado;
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Piso antiderrapante e barras de apoio nos ambientes;
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Iluminação adequada, com foco na segurança;
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Janelas amplas, que garantem ventilação e luminosidade;
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Espaço para jardim ou horta pessoal, incentivando o contato com a natureza.
Além das moradias, os empreendimentos contam com:
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Ambulatório de saúde, com atendimento básico e acompanhamento médico regular;
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Praça central, ponto de encontro dos moradores e cenário de eventos culturais;
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Academia ao ar livre, promovendo o exercício físico e o envelhecimento ativo;
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Salão de festas e sala de jogos, que incentivam o lazer e a socialização;
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Horta comunitária, onde os moradores cultivam alimentos e compartilham experiências;
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Caminhos acessíveis e arborizados, ideais para caminhadas diárias e interação com vizinhos.
O projeto foi desenhado com base em estudos de arquitetura social e psicologia ambiental, que destacam a importância do espaço físico na promoção da saúde emocional e cognitiva dos idosos.
4. O aluguel social: dignidade com acessibilidade
Um dos pontos mais revolucionários do Viver Mais é o modelo de aluguel social.
Cada morador paga apenas 15% do salário mínimo nacional, valor atualmente equivalente a R$ 227,70. Essa quantia simbólica assegura sustentabilidade ao projeto e, ao mesmo tempo, garante que nenhum idoso seja excluído por questões financeiras.
Além disso:
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Não há prazo limite de permanência: o idoso pode viver no condomínio pelo tempo que desejar;
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Os contratos são individuais e intransferíveis, assegurando que o benefício seja utilizado conforme o objetivo social do programa;
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Serviços de manutenção e zeladoria são cobertos pelo Estado, mantendo o padrão de qualidade das moradias.
Essa estrutura reforça a ideia de que o direito à moradia digna é um pilar fundamental da cidadania — e que políticas públicas bem estruturadas podem transformar vidas.
5. O impacto social do projeto
O impacto do programa Viver Mais vai muito além da construção física. Ele toca em dimensões emocionais, psicológicas e comunitárias da velhice.
Pesquisas conduzidas pela Cohapar com os moradores dos primeiros condomínios mostram índices elevados de satisfação e melhora na qualidade de vida. Muitos relataram que voltaram a sentir motivo para acordar felizes, participando de atividades, eventos e cuidando de hortas comunitárias.
Outros benefícios observados incluem:
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Redução do isolamento social, graças às atividades coletivas;
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Melhora da saúde mental e física, estimulada por convivência e exercícios;
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Sentimento de pertencimento e segurança, essencial para a estabilidade emocional na terceira idade;
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Diminuição da dependência familiar, pois os idosos passam a viver de forma autônoma, mas com suporte.
O Viver Mais, portanto, representa não apenas uma política habitacional, mas um projeto de vida para milhares de idosos que, antes, viviam em condições de vulnerabilidade.
6. Estrutura de convivência: o coração do Viver Mais
A convivência é o eixo central da filosofia do programa.
Cada condomínio é pensado como uma pequena comunidade, onde os moradores se conhecem, colaboram e compartilham responsabilidades.
Os espaços de uso comum — como a horta, o salão de festas e a academia — não são meros complementos arquitetônicos, mas instrumentos de integração. Eles estimulam:
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o trabalho coletivo,
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o diálogo entre gerações (quando familiares visitam),
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e a solidariedade entre vizinhos.
Essa convivência resgata um valor que muitas vezes se perde nas grandes cidades: o sentimento comunitário.
Muitos idosos relatam que, ao se mudar para o Viver Mais, voltaram a ter amigos, rotina, propósito e alegria — elementos fundamentais para uma vida longa e plena.
7. Envelhecimento ativo e saúde preventiva
Outro diferencial é o foco na promoção da saúde preventiva.
Os condomínios Viver Mais não esperam que o idoso adoeça para agir; pelo contrário, incentivam o movimento, a alimentação saudável e o acompanhamento contínuo.
Os ambulatórios oferecem atendimento básico, e parcerias com secretarias municipais de saúde garantem visitas médicas regulares, campanhas de vacinação e atividades de fisioterapia em grupo.
Além disso, a presença da horta comunitária estimula o cultivo e o consumo de alimentos frescos, criando uma conexão simbiótica entre saúde física e mental.
O conceito se alinha à ideia de envelhecimento ativo, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que defende o envolvimento contínuo da pessoa idosa na sociedade como meio de manter sua vitalidade.
8. O Paraná como referência nacional
Desde sua criação, o Viver Mais tem chamado atenção de gestores públicos e especialistas em todo o Brasil.
Outros estados, como Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo, já estudam replicar o modelo em parceria com o Ministério das Cidades.
O sucesso do programa paranaense se deve à combinação de gestão eficiente, sensibilidade social e inovação arquitetônica.
Ele demonstra que é possível criar políticas públicas humanizadas, sustentáveis e economicamente viáveis.
O Paraná, com isso, consolida sua posição como referência nacional em políticas para a terceira idade, mostrando que o envelhecimento pode — e deve — ser encarado como uma fase produtiva, saudável e participativa da vida.
9. O futuro do Viver Mais e suas perspectivas
Com o crescimento da população idosa, a expectativa é que o programa se expanda para todas as regiões do estado.
Planos do governo estadual incluem:
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a construção de novos condomínios em cidades médias;
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a inclusão de parcerias com universidades, para estágios e projetos de pesquisa;
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e o desenvolvimento de programas culturais e terapêuticos integrados.
Além disso, há discussões sobre a criação de versões adaptadas do projeto para pessoas com deficiência e para casais idosos de baixa renda.
O grande objetivo é transformar o Viver Mais não apenas em uma política estadual, mas em um modelo de referência nacional e internacional para moradias voltadas à terceira idade.
10. Reflexão: o que o Viver Mais ensina sobre envelhecer bem
Mais do que um conjunto habitacional, o Viver Mais representa uma mudança de paradigma.
Ele mostra que envelhecer com dignidade é um direito que pode ser promovido por meio de políticas públicas inteligentes, sustentáveis e humanas.
Ao priorizar o bem-estar emocional, a convivência e o cuidado integral, o projeto paranaense rompe com a visão tradicional da velhice como sinônimo de limitação.
Em vez disso, reforça a ideia de que o idoso é protagonista da própria vida, e que a sociedade tem o dever de oferecer condições para que ele viva com alegria, segurança e autonomia.
Conclusão
O Viver Mais é um exemplo inspirador de como a habitação social pode se tornar um instrumento de transformação humana.
No Paraná, o programa redefine o conceito de moradia para idosos, unindo acessibilidade financeira, arquitetura inclusiva e convivência comunitária.
Mais do que casas, o Viver Mais constrói lares com propósito, respeito e afeto elementos que representam o verdadeiro sentido de envelhecer com dignidade.
Se iniciativas como essa se multiplicarem pelo país, o Brasil poderá enfrentar o desafio do envelhecimento populacional com humanidade, eficiência e esperança.