Casamento ou maternidade: O que estressa mais as mães?
Levantamento revela que para quase metade das mulheres, os maridos causam mais estresse que os filhos e o desequilíbrio nas tarefas domésticas é o principal culpado
Um dado curioso e preocupante veio à tona com um levantamento recente feito com mais de 7 mil mães: 46% delas afirmam que os maridos são mais estressantes do que os próprios filhos. Em uma escala de 0 a 10, essas mulheres atribuem ao convívio com seus parceiros um nível médio de estresse de 8,5. Por trás dessa realidade, está um fator que persiste nas estruturas familiares modernas: a distribuição desigual das responsabilidades domésticas e parentais.
Enquanto a imagem de pais participativos se torna cada vez mais comum nas redes sociais e campanhas publicitárias, a prática cotidiana ainda está longe da equidade. Três em cada quatro mães relatam que assumem a maior parte do trabalho familiar, e cerca de 20% apontam a falta de apoio dos maridos como um fator determinante no aumento de sua carga emocional e física.
Maridos como “crianças adultas”: a face oculta do estresse feminino
O que pode parecer apenas um problema de logística doméstica é, na verdade, um reflexo de uma carga mental desproporcional. Esse termo, conhecido como mental load, descreve o trabalho invisível de pensar, planejar, lembrar e antecipar as necessidades da casa e da família — e ele recai quase exclusivamente sobre as mulheres.
Especialistas explicam que o estresse não está apenas no “fazer” as tarefas, mas em ter que pensar em tudo o tempo todo: a consulta médica do filho, o vencimento da conta de luz, o que terá para o jantar, o uniforme limpo da escola, a vacina atrasada. E quando o parceiro atua mais como um filho crescido do que como um colaborador efetivo, o casamento pode se tornar um fator de exaustão ainda maior que a própria maternidade.
Essa percepção, muitas vezes não verbalizada, gera frustrações silenciosas, que minam a relação conjugal, afetam a saúde emocional da mulher e contribuem para o aumento de sintomas de ansiedade e depressão.
A solução não está em “ajudar”, mas em compartilhar
Não basta o homem “ajudar” em momentos pontuais, como lavar a louça de vez em quando ou levar o filho à escola uma vez na semana. O conceito de ajuda esporádica perpetua a ideia de que a responsabilidade é exclusivamente da mulher, e o homem apenas “colabora” — quando deveria compartilhar igualmente todas as obrigações do dia a dia.
Pesquisadoras e especialistas em psicologia familiar apontam que dividir de forma equilibrada as responsabilidades, estabelecer diálogos francos sobre as expectativas de cada um e assumir um comprometimento real com a rotina da casa e dos filhos são atitudes fundamentais para aliviar essa sobrecarga feminina.
Quando os homens se tornam parceiros de fato e não apenas de nome , os índices de estresse das mulheres caem significativamente. Além disso, estudos indicam que casais que praticam a coparentalidade ativa e igualitária têm relações mais saudáveis, filhos mais equilibrados emocionalmente e menor risco de conflitos conjugais severos.
Uma mudança urgente e possível
É hora de deixar para trás a ideia ultrapassada de que o homem “ajuda” em casa e reconhecer que o casamento é uma parceria que exige igualdade prática e emocional. A sobrecarga materna, embora muitas vezes silenciosa, tem impacto direto na qualidade de vida, saúde mental e bem-estar geral das mulheres.
Reconhecer esse problema é o primeiro passo. Agir para transformá-lo é o segundo e esse, necessariamente, precisa vir dos dois lados.
Porque no fim das contas, o casamento não deveria ser mais cansativo que criar os próprios filhos.