Hobbies de Avó: Como essa Prática pode ajudar na Longevidade e Melhorar a Qualidade de Vida
Tricô, crochê, jardinagem e culinária são mais do que passatempos: estudos mostram que essas práticas fortalecem o cérebro, reduzem o risco de demência e podem prolongar a vida em até oito anos
Em um mundo cada vez mais acelerado, dominado por telas, prazos e notificações constantes, atividades simples e tradicionais como tricô, crochê, jardinagem e culinária parecem, à primeira vista, hobbies ultrapassados, ligados apenas a gerações mais antigas. No entanto, a ciência tem demonstrado que essas práticas popularmente chamadas de “hobbies de avó” carregam benefícios surpreendentes para a saúde física, mental e emocional.
Um estudo conduzido pela University College London (UCL) revelou que mulheres que dedicam tempo regularmente a atividades manuais tradicionais podem ter sua expectativa de vida prolongada em até oito anos. Esse efeito está ligado a múltiplos fatores: estímulo da neuroplasticidade, fortalecimento da memória, redução do risco de demência, diminuição do estresse e promoção do bem-estar emocional.
Além disso, quando realizadas em grupo, essas práticas contribuem para o fortalecimento de laços sociais, ampliando o senso de pertencimento e propósito aspectos fundamentais para um envelhecimento saudável.
Neste artigo, vamos explorar de maneira aprofundada como os hobbies de avó impactam o corpo e a mente, os benefícios terapêuticos de cada atividade, a importância das conexões sociais, além de refletir sobre o resgate dessas práticas no contexto contemporâneo.

O Que São os “Hobbies de Avó”?
O termo “hobbies de avó” surgiu como uma forma carinhosa e até irônica de se referir a práticas manuais e caseiras que, durante muito tempo, foram associadas às mulheres mais velhas. No entanto, essa visão reducionista vem sendo revista, à medida que estudos revelam seus inúmeros benefícios para todas as idades.
Principais exemplos:

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Tricô e Crochê: atividades que envolvem coordenação motora fina, concentração e criatividade.
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Jardinagem: contato com a natureza, esforço físico moderado e efeito calmante.
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Culinária tradicional: além do prazer gastronômico, estimula memória, organização e promove interação social.
Essas práticas unem tradição, criatividade e cuidado — valores cada vez mais necessários em uma sociedade marcada pelo estresse crônico.
O Estudo da University College London
A pesquisa realizada pela UCL analisou mulheres de diferentes idades que praticavam atividades manuais regularmente. O estudo concluiu que:
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Participantes engajadas nessas práticas apresentaram menor risco de desenvolver demência.
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Observou-se um aumento médio de até oito anos na expectativa de vida.
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Houve melhora significativa em habilidades cognitivas, como memória e concentração.
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Os índices de bem-estar emocional foram maiores em comparação a mulheres que não tinham hobbies semelhantes.
Esses resultados reforçam que pequenas mudanças no estilo de vida podem gerar impactos profundos na saúde e na longevidade.
O Papel da Neuroplasticidade
Um dos achados mais importantes do estudo é que atividades manuais estimulam a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de criar novas conexões neurais ao longo da vida.
Como isso acontece?
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Tricô e crochê: exigem coordenação rítmica entre mãos e mente, ativando áreas ligadas à memória e à concentração.
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Jardinagem: combina estímulo físico, sensorial e cognitivo, ajudando o cérebro a se manter ativo.
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Culinária: envolve planejamento, memória de receitas e experimentação criativa.
A neuroplasticidade é crucial para retardar o envelhecimento cerebral e reduzir o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.
Hobbies como Terapias Naturais

Além do impacto cognitivo, os hobbies de avó funcionam como verdadeiras terapias naturais.
Benefícios emocionais:
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Redução do estresse: os movimentos repetitivos de tricô e crochê têm efeito semelhante ao da meditação.
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Foco no presente: atividades manuais exigem atenção plena, combatendo a ansiedade.
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Sensação de realização: terminar uma peça de crochê, cultivar uma planta ou preparar uma refeição traz satisfação imediata.
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Estímulo da criatividade: criar algo novo desperta a mente e fortalece a autoestima.
Essas práticas, ao aliarem prazer e funcionalidade, ajudam a equilibrar emoções e fortalecem o bem-estar geral.
O Poder das Conexões Sociais

Um aspecto essencial, muitas vezes negligenciado, é que hobbies de avó frequentemente são praticados em grupo — seja em clubes de bordado, encontros de jardinagem ou rodas de culinária.
Segundo o estudo, a dimensão social dessas práticas:
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Reduz o risco de isolamento e solidão, problemas comuns na velhice.
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Fortalece o senso de pertencimento e propósito.
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Amplia redes de apoio emocional.
A convivência em torno dessas atividades cria laços intergeracionais: jovens aprendem com os mais velhos, e os mais velhos se sentem valorizados ao transmitir conhecimento.
Tricô e Crochê: Exercício para o Cérebro e o Coração

Mais do que passatempo, tricô e crochê são práticas milenares que combinam técnica, paciência e criatividade.
Benefícios específicos:
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Motricidade fina: melhora a coordenação dos movimentos das mãos.
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Memória de curto prazo: seguir padrões estimula atenção e concentração.
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Redução da ansiedade: repetição rítmica acalma o sistema nervoso.
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Produção de serotonina: sensação de prazer e relaxamento.
Não é à toa que muitos terapeutas utilizam essas técnicas como recurso auxiliar no tratamento de depressão e ansiedade.
Jardinagem: Conexão com a Terra e com a Vida
Plantar, cuidar e ver algo florescer é uma experiência profundamente simbólica e terapêutica.
Benefícios da jardinagem:

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Exercício físico moderado: ajuda na mobilidade e na saúde cardiovascular.
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Contato com a natureza: reduz o estresse e melhora o humor.
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Sensação de propósito: cuidar de plantas dá significado ao cotidiano.
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Vitamina D: exposição ao sol fortalece ossos e imunidade.
Além disso, estudos mostram que o contato frequente com a natureza pode reduzir em até 20% o risco de doenças mentais.
Culinária Tradicional: Memória, Afeto e Criatividade
Cozinhar não é apenas uma tarefa doméstica, mas também uma forma de expressão cultural e emocional.
Benefícios cognitivos e emocionais:
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Memória: lembrar de receitas antigas ativa áreas ligadas à lembrança e tradição.
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Criatividade: experimentar novos sabores estimula a imaginação.
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Afeto: cozinhar para outros fortalece vínculos sociais e familiares.
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Organização mental: exige planejamento, execução e coordenação.
A culinária conecta gerações, mantendo vivas tradições familiares e promovendo encontros significativos.
Por Que Esses Hobbies Prolongam a Vida?
A longevidade não depende apenas da ausência de doenças, mas de uma soma de fatores que envolvem saúde física, mental e emocional.
Os hobbies de avó promovem longevidade porque:
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Mantêm o cérebro ativo, prevenindo degeneração.
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Reduzem o estresse, fortalecendo o sistema imunológico.
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Favorecem a socialização, combatendo solidão.
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Dão propósito de vida, um dos maiores preditores de envelhecimento saudável.
Ou seja, eles atuam em múltiplas frentes, criando uma rede de proteção contra os males do envelhecimento.
O Resgate dos Hobbies de Avó na Era Digital
Curiosamente, muitas pessoas jovens têm redescoberto essas práticas. Comunidades de tricô, jardinagem urbana e grupos de culinária caseira crescem nas redes sociais, mostrando que os “hobbies de avó” estão mais atuais do que nunca.
Esse movimento revela uma busca por simplicidade, autenticidade e conexão humana em meio ao excesso tecnológico.
Conclusão
Os chamados “hobbies de avó” não são apenas passatempos nostálgicos, mas verdadeiras ferramentas de longevidade e bem-estar. Tricô, crochê, jardinagem e culinária atuam como aliados naturais da saúde, estimulando o cérebro, equilibrando as emoções e fortalecendo vínculos sociais.
A pesquisa da University College London trouxe dados concretos que confirmam o que a sabedoria popular já intuía: dedicar tempo a atividades manuais simples pode adicionar anos à vida e, mais importante, qualidade a esses anos.
Incorporar essas práticas no cotidiano, mesmo em pequenas doses, é investir em saúde, felicidade e plenitude. Afinal, como ensinam as mãos que tecem, cozinham e cultivam, viver bem é uma arte feita de gestos simples.






