Recomeçar com até R$ 490 mil: Irlanda incentiva mudança para ilhas remotas com programa de revitalização

Morar em uma ilha isolada, cercado pela natureza, com paisagens de tirar o fôlego e longe da correria urbana pode parecer um sonho distante mas na Irlanda, esse sonho tem nome, endereço e até um incentivo financeiro generoso.

O governo irlandês, por meio do programa “Our Living Islands” (Nossas Ilhas Vivas, em português), está oferecendo até € 84 mil (aproximadamente R$ 490 mil) para residentes que aceitem se mudar para ilhas remotas do país. O objetivo é revitalizar comunidades insulares que vêm sofrendo com o êxodo populacional, o envelhecimento dos habitantes e a degradação do patrimônio construído.

A iniciativa, lançada oficialmente em 2023, é um dos maiores esforços do país para preservar tradições locais, reativar economias locais e garantir um futuro vibrante para essas regiões únicas, separadas do continente por marés, clima e isolamento geográfico.

 Qual é a proposta do “Our Living Islands”?

O programa foi desenhado para atrair moradores para 30 ilhas irlandesas não conectadas por pontes à parte continental e que enfrentam desafios demográficos há décadas. Entre elas estão destinos encantadores como Arranmore, Clare Island, Bere Island e Inis Mór, conhecidas por suas paisagens exuberantes, cultura tradicional e ritmo de vida desacelerado.

A proposta principal do incentivo é que o recurso financeiro seja investido na restauração de imóveis abandonados  construídos antes de 1993  que ainda tenham valor estrutural. A ideia é preservar a arquitetura histórica das ilhas ao mesmo tempo em que se melhora a infraestrutura habitacional para os novos residentes.

Além disso, o foco está em atrair jovens e famílias dispostas a viver, trabalhar e contribuir para o crescimento sustentável dessas comunidades. Isso inclui a criação de pequenos negócios, o uso de tecnologias limpas, agricultura local e preservação ambiental.

Como funciona o subsídio?

O valor do incentivo não é entregue como um pagamento direto. Ele funciona como subvenção pública para reforma, ou seja, o governo cobre parte dos custos com materiais, serviços de construção e adaptação de imóveis que estejam abandonados nas ilhas.

Os beneficiários devem comprovar que vão residir no local permanentemente e seguir as diretrizes do programa, que prioriza a ocupação de casas antigas em vez de novas construções, a fim de manter o caráter cultural das comunidades.

A seleção inclui critérios como:

• Comprovação de residência legal na Irlanda;

• Apresentação de plano de restauração do imóvel;

• Comprometimento com a vida e o desenvolvimento local.

 Oportunidade com restrições: o limite para estrangeiros

Embora o projeto tenha ganhado manchetes ao redor do mundo e chamado a atenção de pessoas em busca de uma vida mais simples e conectada à natureza, há uma barreira importante: o programa não está aberto a estrangeiros que não residem legalmente na Irlanda.

Ou seja, para brasileiros e outros estrangeiros que sonham com essa vida insular, é necessário primeiro obter residência no país, o que pode ser feito por meio de estudo, trabalho ou cidadania europeia. Só então será possível pleitear a participação no “Our Living Islands”.

 Viver em uma ilha: Romantismo e realidade

Apesar do tom romântico, a vida nas ilhas remotas da Irlanda também traz desafios reais. Acesso a serviços médicos, escolas, internet, mercados e transporte pode ser limitado  especialmente durante os invernos rigorosos. A população local costuma ser pequena, e a vida social exige adaptação.

Por outro lado, a qualidade de vida, o senso de comunidade, a segurança e o contato com a natureza são fatores que compensam as dificuldades para muitos. Quem já aderiu ao programa relata um sentimento de propósito ao contribuir com a revitalização cultural e econômica dessas regiões.

O futuro das ilhas depende de quem se atreve a recomeçar

O programa “Our Living Islands” vai além de uma estratégia de repovoamento: ele representa um novo modelo de desenvolvimento sustentável, onde o progresso respeita a memória local e o ambiente natural.

Ao incentivar a ocupação responsável dessas ilhas, o governo irlandês dá um passo ousado e inspirador, reafirmando que revitalizar o interior é possível, quando se investe em pessoas, cultura e afeto por um território.