Bebê protegido: Entenda por que Maíra Cardi exige vacina de quem for visitar sua filha
A influenciadora diz que só permitirá visitas de pessoas vacinadas com dTpa nos primeiros meses da filha recém-nascida. Entenda o método "casulo" e o que dizem os especialistas sobre essa medida preventiva
A influenciadora digital Maíra Cardi, grávida de seu primeiro filho com o empresário Thiago Nigro, voltou a movimentar as redes sociais ao anunciar que pretende limitar as visitas à filha nos primeiros meses de vida. Mais do que restrições de tempo ou número de visitantes, ela revelou que exigirá a vacinação contra coqueluche (dTpa) como condição para qualquer pessoa que deseje ter contato com o bebê. A decisão faz parte de uma estratégia conhecida como “casulo”, indicada por especialistas em pediatria e saúde pública.
Mas afinal, essa exigência é correta? O que diz a ciência?
A estratégia casulo é um conceito de proteção à saúde do recém-nascido que vai além da vacinação da gestante. Ela foi criada e difundida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem como objetivo reduzir o risco de infecções graves nos primeiros meses de vida do bebê, período em que ele ainda não possui imunidade própria suficiente e está mais vulnerável a doenças respiratórias severas especialmente a coqueluche neonatal.
Segundo o método, todos os adultos e familiares próximos que terão contato direto com o recém-nascido devem ser vacinados com a vacina dTpa (contra difteria, tétano e coqueluche). Isso inclui o pai, avós, irmãos, babás e quaisquer cuidadores. A ideia é criar um “casulo protetor” ao redor do bebê, evitando que o vírus entre em contato com ele até que seu próprio sistema imunológico esteja apto a reagir, o que geralmente acontece após os seis primeiros meses, com o avanço da vacinação infantil.
Por que a coqueluche é tão preocupante?
A coqueluche é uma doença respiratória altamente contagiosa, causada pela bactéria Bordetella pertussis. Embora em adultos ela possa se manifestar com sintomas leves, em recém-nascidos pode ser grave ou até fatal, com risco de insuficiência respiratória, convulsões e óbito. Os bebês menores de três meses são os mais vulneráveis, pois ainda não iniciaram ou completaram o ciclo vacinal próprio.
O reforço da vacinação dTpa para os adultos serve justamente para evitar que eles se tornem transmissores assintomáticos da doença. Segundo o Ministério da Saúde, a dose deve ser repetida a cada nova gestação para as gestantes, e o reforço é indicado a cada 10 anos para a população geral — ou antes, em caso de ferimentos graves ou contato próximo com recém-nascidos.
A decisão de Maíra Cardi tem respaldo médico?
Sim. A exigência de Maíra Cardi está alinhada com recomendações pediátricas e práticas seguras de saúde neonatal. Médicos e especialistas reconhecem a eficácia da estratégia casulo como uma barreira protetora fundamental nos primeiros meses de vida do bebê.
A neonatologista Silmara Aparecida Possas, do Hospital Pequeno Príncipe, ressalta que as visitas nos primeiros três meses devem ser limitadas a pessoas vacinadas, com cuidados extras de higiene. Ela explica que esse período é vital para o desenvolvimento do vínculo entre mãe e bebê, além de exigir um ambiente calmo e seguro para a amamentação e o descanso do recém-nascido.
Quais cuidados devem ser tomados durante as visitas?
Mesmo com a vacina, o contato com o bebê exige uma série de cuidados, conforme recomendações médicas:
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Evitar visitas em caso de sintomas gripais, febre, tosse ou exposição recente a pessoas doentes;
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Higienizar as mãos e, se possível, trocar a roupa antes do contato com o bebê;
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Evitar beijos no rosto ou mãos do bebê, já que gotículas podem transmitir vírus;
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Reduzir o tempo da visita, idealmente para no máximo 30 minutos;
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Não acordar o bebê e respeitar o momento da amamentação da mãe;
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Utilizar paninhos de apoio ou fraldas sobre a roupa ao segurar o bebê.
Esses cuidados visam reduzir as chances de infecção e ajudar na criação de uma rotina tranquila para mãe e filho.
Um debate necessário: Liberdade x proteção
A decisão de Maíra Cardi gerou discussões nas redes sociais. Enquanto muitos elogiaram sua postura preventiva e consciente, outros criticaram o que chamaram de “exagero” ou “controle excessivo”. No entanto, a ciência é clara: o primeiro trimestre de vida do bebê exige máxima cautela.
Especialistas defendem que a proteção da saúde da criança não é sobre agradar visitas, mas sim sobre zelar pela vida. Como a coqueluche pode ser assintomática em adultos, mesmo pessoas aparentemente saudáveis podem ser vetores de infecção.
Assim, a exigência da vacinação dTpa não é apenas uma escolha pessoal, mas uma atitude de responsabilidade coletiva. Trata-se de proteger quem ainda não pode se proteger.
A “estratégia casulo”, adotada por Maíra Cardi, é uma decisão respaldada por autoridades médicas e por uma preocupação legítima com a saúde de sua filha. Ao exigir a vacinação de quem for visitá-la, a influenciadora colabora para uma cultura de prevenção, respeito ao recém-nascido e valorização da ciência. Longe de ser um exagero, a medida representa um ato de cuidado e amor que pode, sim, salvar vidas.